Percebo em alguns atendimentos clínicos, a dificuldade que muitas vezes os pais e a própria criança tem em ir ao Psicólogo. Psiquiatra então, nem se fala! Geralmente referem que seus filhos não são "loucos", que ir consultar Psicólogo é "frescura", com a idade e com o tempo, determinado comportamento passa, ir ao Psiquiatra é só para se "entupir" de remédio e assim por diante. Ledo engano! Pois cuidar da Saúde Mental é tão importante quanto o fato de ir ao pediatra, ao cardipediatra, ao neuropediatra, etc.
A criança apresenta um sintoma, ou vários: ela vê mosntros, tem medo intenso de sair de casa ou de ir da sala para o banheiro sózinho, não consegue dormir a noite, inibição ou desvios do desenvolvimento, baixa tolerância a frustração, enurese contínua, entre outros devem ser considerados e não encobertos como normalmente ocorre. Quanto mais cedo for diagnosticado o problema, maiores serão as chances de resolvê-los, evitando assim consequencias de uma provável internação em hospital psiquiatrico ou outras mais trágicas.
Pensando nestas questões, quando falamos em doença, logo pensamos em cura, mas também é muito importante pensar em PREVENÇÂO. A PREVENÇÃO da Doença Mental significa criar estratégias para evitar o aparecimento. A PREVENÇÃO implica em ações localizadas no meio social, atuando na família, escola, comunidade, educadores, levando o conhecimento, a conscientização e a identificação de sintomas e patologias, através de palestras esclarecedoras, teatro educativo, procurando interferir nessas condições específicas e quando necessário saber onde e como buscar ajuda o mais rápido possível e o melhor de tudo evitar que outras pessoas venham apresentar algum disturbio.
Em minha experiência clínica , observo que mutos pais não sabem o que é e o que faz o Psicólogo, muito menos sobre psicopatologia, nem tem obrigação de saber e de tão pouco não conseguir detectar algum problema com o seu filho, mas quando recebem as informações de forma simples e clara, o tratamento flui. Além dessa experiência, tive a oportunidade de vivenciar em algumas peças de teatro, criadas e adaptads para este objetivo - a PREVENÇÃO. Essas peças procuravam retratar cenas do dia a dia de uma família e seus conflitos entre os membros familiares, evidenciando o surgimento de um disturbio, levando a platéia pouco a pouco a se identificar com os personagens da trama. As apresentações eram realizadas em escolas, centros comunitários, hospitais e destinadas para pais professores, e interessados na área da saúde.
Era gratificante ver ao término das apresentações as pessoas se aproximarem para questionarem sobre este ou aquele transtorno mental, solicitando então atendimento para seus parentes.
Sei que não é tudo, mas considero uma vitória ao ter conseguido com estas pessoas, o entendimento e a adesão ao tratamento. Essas pessoas, serão o porta voz na divulgação dessas informações, pois irá falar na igreja, com a vizinha, a comadre e estas mesmas pessoas começarão a prestar mais atenção nas suas crianças e poderão então buscar ajuda. As pessoas precisam de mais e melhores informações sobre os transtornos mentais e cabe a todos nós da área da saúde nos comprometermos mais nessa prática. Como cidadãos é preciso compreender que a Saúde Mental é, além de uma questão psicológica, uma questão política, e que interessa a todos os que estão comprometidos com a vida.