domingo, 16 de maio de 2010

DEPOIMENTOS; " Mães com filhos Especiais"

Depois de longo tempo de trabalho com crianças e suas mães do Centro de Neuropediatria (CENEP), do Hospital de clínicas, me dispus a relatar parte da experiência acumulada, ouvindo os depoimentos, ora alegre, ora sofrido, dessas "excepcionais" mães de portadores de deficiência mental.


Buscava neste trabalho ajudar a esses pais, ora esclarecendo-os sobre todas as fases por que passam as mais variadas deficiências; sem deixar transparecer em momento algum, qualquer insinuação de crítica destrutiva aos pais, filhos, irmãos e parentes de excepcionais. Procurei capatar nos depoimentos dessas mães, o que de mais profundo existe em suas vidas.


O muito que aprendi com essas mães, tanto as que ansiavam pelo momento de iniciar o tratamento psicológico, como as que resistiam e se negavam a participar, não há bem que possa pagar.


Dentre os muitos depoimentos dos mais variados, selecionei alguns que vão desde aqueles em que a mãe refere muita tristeza e até choro até aquela que fala da sua revolta e vontade de morrer.


Após voce ler estes depoimentos, voce não será o mesmo frente à pessoa deficiente.


DEPOIMENTO 1 : " Meu terceiro filho nasceu e se desenvolveu normalmente até os 18 meses, aí teve uma febre altíssima e corremos ao pediatra, que mandou interná-lo. Os exames mostraram que ele estava com meningite bacteriana. Eu não conseguia acreditar que o meu lindo bebê estivesse com a pior dessa doença, mas tive que encarar esse fato, quando vi as consequencias. Atualmente ele é muito irriquieto, não para um só instante e tem dificuldades de fala e de aprendizagem".


DEPOIMENTO 2 : "A minha terceira filha, Marcela, é deficiente mental e tem convulsões. Lembro-me de que no início sempre achei que ela havia escorregado da cama e batido a cabeça ou que seus irmãos maiores a tivessem deixado cair e não tivessem me contado nada".


DEPOIMENTO 3 : "Quando tive minha primeira filha, Kátia, com os dois pézinhos tortos, no primeiro dia fiquei muito chocada com a notícia, pois a gente nunca espera. Mas logo me recobrei, pois sendo da Doutrina Espírita, sabia que se Katia havia vindo para mim é porque nós duas tinhamos uma missão a cumprir ou seja, havia coisas a serem resgatadas. Ela fez duas cirurgias nos pés para corrigi-los e espero que possa ser feliz nesta vida".


DEPOIMENTO 4 : "Quando Moacir nasceu, fiquei super feliz, pois ele correspondia totalmente as minhas expectativas. Era menino como eu queria, muito bonito e aparentemente saudavel. Mas aos poucos fui percebendo que ele era diferente das outras crianças de sua idade. Embora eu quizesse acreditar que ele era o mais esperto, o mais brilhante, o mais rápido, na comparação com as outras crianças, ele estava sempre atrasado. E quando eu dizia isso para o pediatra, ele sempre respondia que eu estava querendo demais para o meu filho, que cada criança tem o seu ritmo próprio para se desenvolver, que ele mesmo havia falado com mais de quatro anos, etc. E eu me sentia muito chateada por me colocarem na posição de "mãe ansiosa".
(Posteriormente esta criança foi diagnosticada como portadora de Sindrome Autista).


DEPOIMENTO 5 : "Nos últimos meses venho agindo com Marilza como se ela fosse normal. Só me dou conta de seu atraso quando encontro o meu sobrinho, que é 3 meses mais novo do que ela e vejo o quanto é mais ativo. Aí me dá uma vontade danada de chorar".


Uma das questões mais frequentes que os pais trazem é sobre se eles próprios foram os causadores do problema: "Terei feito alguma coisa que causou isto? Estou sendo castigada? Tomei o devido cuidado comigo mesma quando estive grávida? Será que minha espôsa cuidou devidamente de si mesma durante a gravidez? Será que as brigas que tivemos durante a gestação prejudicou o nosso filho?" Questões da religiosidade das pessoas também influenciam na interpretação desse filho diferente, podendo acentuar ou aliviar sentimentos de culpa e punição. Quando expressam "Por quê eu?" ou "Por quê meu filho"?, muitos pais estão dizendo também: "Por quê Deus fez isto comigo?


Faz parte da natureza do ser humano a busca de explicações aceitáveis para todos os fatos da vida. Daí a sua necessidade de saber por que o filho é portador de tal ou qual anomalia. Nesse sentido vejo a importância da informação e do esclarecimento sobre a etiologia e o diagnóstico sempre que for possível, confrontando esta realidade com a fantasia dos pais. Isto poderá aliviar certosa conflitos relacionados, a culpa, inferioridade, vergonha, confusão e raiva.


Concluo dizendo, que uma das formas mais importantes de ajudar o filho é buscar auxílio o mais cedo possível (auxílio principalmente com pais que tenham problemas semelhantes e com profissionais que lidam com deficientes e famílias de deficientes). Pois desta forma, eles poderão elaborar seus sentimentos de choque, negação, raiva, culpa, etc. É a partir desse momento que eles abrem mão das fantasias e buscas milagrosas para buscarem medidas práticas e reais.


Me despeço deixando para voce a ORAÇÃO DA CRIANÇA DIFERENTE


BEM AVENTURADOS OS QUE COMPREENDEM O MEU ESTRANHO PASSO A CAMINHAR E MINHAS MÃOS ATROFIADAS

BEM AVENTURADOS OS QUE SABEM QUE OS MEUS OUVIDOS TEM QUE SE ESFORÇAR PARA COMPREENDEREM O QUE OUVEM

BEM AVENTURADOS OS QUE COMPREENDEM QUE AINDA QUE MEUS OLHOS BRILHEM A MINHA MENTE É LENTA

BEM AVENTURADOS OS QUE OLHAM E NÃO VÊEM A COMIDA QUE EU DEIXO CAIR DO PRATO

BEM AVENTURADOS OS QUE , COM UM SORRISO NOS LÁBIOS, ME ESTIMULAM A TENTAR MAIS UMA VEZ

BEM AVENTURADOS OS QUE NUNCA ME LEMBRAM QUE HOJE FIZ A MESMA PERGUNTA DUAS VEZES

BEM AVENTURADOS OS QUE COMPREENDEM QUE ME É DIFICIL CONVERTER EM PALAVRAS OS MEUS PENSAMENTOS

BEM AVENTURADOS OS QUE ESCUTAM, POIS EU TAMBÉM TENHO ALGO A DIZER

BEM AVENTURADOS OS QUE SABEM O QUE SENTE O MEU CORAÇÃO EMBORA NÃO O POSSA EXPRESSAR

BEM AVENTURADOS OS QUE ME AMAM COMO SOU, TÃO SOMENTE COMO SOU E NÃO COMO ELES GOSTARIAM QUE EU FOSSE.

Um comentário:

  1. A minha filha era uma criança normal eu achava até que um dia comecei perceber que ela era muito violenta agredida a outras crianças procurei um neurologista que nunca me deu um diagnóstico e eu hoje já com quarenta anos passados ainda procuro ajuda,tem dias que é muito dificil

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